terça-feira, 14 de abril de 2015

Biografia: John Newton




John Newton nasceu em Londres no dia 24 de Julho de 1725. Como durante toda a sua infância, o pai passava a maior parte do tempo no mar, sua mãe se encarregava de educá-lo. Esta mulher temente a Deus, frágil e gentil, com frequência trazia o seu único filho para perto de si e contava-lhe histórias da Bíblia, e com isso, John acumulou em sua me­mória muitas coisas valiosas, tais como capítulos e porções das Escrituras, hinos e poemas.  Esta paz e este calor afetuoso desapareceram com a morte da mãe, em 1732. Ela desejara ardentemente que o filho viesse a se dedicar ao ministério e, por isso, encomendara-o muitas vezes a Deus, com muitas orações e lágrimas. Foi um dia terrível o da morte da mãe e, pior ainda, o dia em que uma madrasta veio substituí-la. Era suficientemente bem tratado, mas a nova Sra. Newton nutria pouco amor pelo enteado e menos cuidado ainda pela alma dele. Não havia mais histórias da Bíblia, nem Cânticos Divinos ao redor da lareira, nem orações ao deitar. John tinha permissão para andar com crianças rudes e ímpias. Ele se tornou violento, rancoroso e rebelde. Dois anos num internato de classe inferior, em Essex, serviram unicamente para instigar a sua indiferença para com a religião, sendo esta também toda a educa­ção escolar que teve.

Aos onze anos, John fez a sua primeira viagem marítima junto com o pai, que neste tempo era capitão da marinha mercante no Mediterrâneo. O capitão Newton exercia uma disciplina rígida sobre o filho. Embora a cabina do capitão propiciasse refúgio para a árdua vida de serviço na marinha mercante, o pai mostrava-se sempre distante do filho. A brisa do mar, as brincadeiras grosseiras e a vida livre que os marinheiros levavam fizeram que John desejasse se tornar um homem, um verdadeiro homem, tal como os marinheiros do pai. Aos quinze anos tornou-se aprendiz de um comerciante amigo, em Alicante, na Espanha. Sob a disciplina inflexível e rígida do capitão Newton, o espírito do jovem sentia-se intimidado; porém, longe do pai, ele conhecia poucas restrições. De vez em quando, a sua impetuosidade era interrompida, e Newton manifestava um conflito de consciência, ao desejar atirar-se irrefletida e dissolutamente à vida e ao ser impedido pelo ensino que recebera de sua mãe.

Dois incidentes marcaram-lhe a consciência. Não foram incidentes notáveis em si mesmos, mas sem dúvida foram usados por uma mão invisível para impedi-lo de entregar-se a uma vida totalmente desregrada. Certa vez, aos doze anos, Newton foi jogado de um cavalo, escapando de ficar espetado nas estacas de uma cerca recentemente cortada; isso aconteceu de tal maneira que, por um momento, fê-lo pensar seriamente na Providência. Em outra ocasião, por chegar cinco minutos atrasado, ele deixou de embarcar no barco que o levaria, juntamente com um amigo, para visitar um navio de guerra; o barco virou e o seu amigo morreu afogado. New­ton nunca soube nadar (estranhamente, uma falta muito comum entre os marinheiros na época das embarcações à vela), e a ideia de deparar-se com a morte tão de perto levou-o, por algum tempo, a encarar a vida com mais seriedade.

Aos 19 anos, passou a prestar serviço no navio de guerra HMS Harwich, mas as condições de trabalho eram tão terríveis que John acabou desertando, crime passível de morte. Porém, quando foi recapturado, recebeu como punição o rebaixamento para soldado raso.

Depois de um curto tempo na Marinha Real, John Newton iniciou sua carreira como traficante de escravos, primeiramente como servo de comerciante de escravos que atuava em Serra Leoa, e posteriormente como o desprezível capitão de sua própria embarcação, que transportava geralmente 600 “cargas humanas” por viagem. Neste período, nem se via em John nenhum vislumbre do homem que fora educado para ser.

Em torno de 1750, John Newton era o comandante de um navio negreiro inglês. Os navios fariam o primeiro percurso de sua viagem da Inglaterra, quase vazios, até que chegassem na costa africana. Lá os chefes tribais entregariam aos europeus as "cargas" compostas de homens e mulheres, capturados nas invasões e nas guerras entre as tribos. Os compradores selecionariam os espécimes mais finos, e os comprariam em troca de armas, munição, licor, e tecidos. Os cativos seriam trazidos, então, à bordo e preparados para o "transporte". Eram acorrentados abaixo das plataformas para impedir suicídios. Eram colocados de lado a lado, para conservar o espaço, em fileira após a fileira, uma após outra, até que a embarcação estivesse "carregada", normalmente com até 600 "unidades" de carga humana.

Os capitães procuravam fazer uma viagem rápida, esperando preservar ao máximo a sua carga; contudo, a taxa de mortalidade era alta, normalmente 20% ou mais. Quando um surto de disenteria ou qualquer outra doença ocorria, os doentes eram jogados ao mar. Uma vez que chegavam ao Novo Mundo, os negros eram negociados por açúcar e o melaço, para manufaturar o rum, que os navios carregariam à Inglaterra para o pé final de seu "comércio triangular." John Newton transportou muitas cargas de escravos africanos trazidos à América no século 18.

Certo dia, durante uma de suas viagens, o navio de Newton foi fortemente afetado por uma tempestade. Momentos depois de ele deixar o convés, o marinheiro que tomou o seu lugar foi jogado ao mar, por isso ele próprio guiou a embarcação pela tempestade. Mais tarde ele comentou que durante a tempestade ele sentiu que estavam tão frágeis e desamparados e concluiu que somente a Graça de Deus poderia salvá-los naquele momento. O navio afundou nas águas revoltas. Newton ofereceu sua vida à Cristo, achando que iria morrer. Incentivado por esse acontecimento e pelo que havia lido no livro “Imitação de Cristo” do escritor Tomás de Kempis, ele resolveu abandonar o tráfico de escravos e tornou-se cristão Após ter sobrevivido, ele se converteu e começou a estudar para ser pastor. Nos últimos 43 anos de sua vida ele pregou o evangelho em Olney e em Londres. Em 82, Newton disse: "Minha memória já quase se foi, mas eu recordo duas coisas: que eu sou um grande pecador, e que Cristo é meu grande salvador!"

No túmulo de Newton, lê-se: "John Newton, uma vez um infiel e um libertino, um mercador de escravos na África, foi, pela misericórdia de nosso senhor e salvador Jesus Cristo, perdoado e inspirado a pregar a mesma fé que ele tinha se esforçado muito por destruir."

O seu testemunho de vida continua vivo e é cantado por milhares de pessoas ao redor do mundo: Graça Maravilhosa!


"Amazing Grace" é um conhecido hino tradicional protestante com a letra escrita por John Newton e impresso pela primeira vez no Newton's Olney Hymns (1779). Séculos depois, a canção ainda continua sendo uma das mais inspiradoras mensagens de todos os tempos, trazendo uma reflexão poderosa sobre o amor libertador de nosso Deus.

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