quinta-feira, 24 de novembro de 2016

EBD - A oração como adoração


Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração - Lição 09
Comentarista: Pr. José Elias Croce












Comentários Adicionais
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley












Confira nossa biblioteca de estudos na página especial da EBD

Texto Áureo
Salmos 42:8
Contudo, o Senhor mandará de dia a sua misericórdia, e de noite a sua canção estará comigo: a oração ao Deus da minha vida.

Verdade Aplicada
A oração é um dos ingredientes essenciais de uma verdadeira adoração.

Textos de Referência
Salmos 42:1-4
Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!
A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus?
As minhas lágrimas servem-me de mantimento de dia e de noite, porquanto me dizem constantemente: Onde está o teu Deus?
Quando me lembro disto, dentro de mim derramo a minha alma; pois eu havia ido com a multidão; fui com eles à casa de Deus, com voz de alegria e louvor, com a multidão que festejava.

Introdução

Nossa alma carece da oração. Orar é muito mais do que apresentar a Deus uma lista interminável de petições. Os adoradores genuínos amam a oração, pois dela tiram tudo que são e que oferecem ao Senhor (Lucas 18:1-8).


Vida de Oração
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Numa linguagem cristã, a oração pode ser entendida de muitas maneiras. Alguns a entendem como uma “linha telefônica” direta para o céu, outros dizem que ela é uma conversa franca e profunda entre “um pai e um filho”, ou ainda um diálogo revigorante com o “melhor amigo”. Todos estes pensamentos, guardadas as devidas proporções, estão corretos em seu entendimento. Orar é estreitar nosso vínculo com o Criador, é avançar diariamente numa relação de intimidade com o Salvador do Mundo, é falar diretamente com aquele que tem o poder absoluto sobre todas as coisas. Um cristão que não mantém em sua vida uma rotina constante de oração, pode ser comparado a uma chama da qual se retira o oxigênio: inevitavelmente, ela irá se apagar. 

O homem sempre precisou da instrução divina afim de sobreviver espiritualmente as descobertas do mundo. No Jardim do Éden, Adão e Eva eram como duas crianças se descobrindo, e Deus fazia questão de todas as tardes, visitar os seus filhos para instruí-los em todos os aspectos da arte de viver. Literalmente, Deus “conversava” com o primeiro casal sobre os mais variados aspectos da vida. Infelizmente, a desobediência quebraria essa aliança. No desejo de serem iguais a Deus, eles acabaram se afastando de Deus, perdendo a inocência e violando a santidade. Já não podiam olhar a face de Deus e nem serem visitados com cordialidade ao por do sol (I Timóteo 6:16). Mas dentro deles, ainda habitava o Espírito que clamava por Deus. Mesmo que a carne do homem se sobreponha ao seu Espírito, ela jamais irá calar sua voz. Ele estará lá dentro, desesperado, inquieto e aflito, sabendo que Deus é o oxigênio que mantém acessa a chama da vida eterna, e sem Ele, cedo ou tarde, até mesmo a mais resistente fagulha se apagará.

Daí nasce o vazio interior, a busca desenfreada por prazeres passageiros, a ausência completa de paz. O homem saiu do jardim, mas o Jardim ainda está no homem. Mudou-se a forma, mas a conversa diária com o Criador ainda é necessária. Sem dialogar com Deus e buscar sua orientação, o homem jamais será plenamente feliz. Felizmente, mesmo que visitas vespertinas "tangíveis" do Criador não sejam mais possíveis,  a prática do diálogo é  possível, e não se faz necessários agendamentos prévios ou formalidades desnecessárias. E esta é a essência da oração. Esta é a necessidade de se orar. Sem a oração, o crente se torna uma lembrança esquecida, uma lágrima perdida no meio da tempestade, cinzas de um holocausto nuclear. A falta da intimidade com Deus é um passaporte para a escuridão eterna, pois se não desejamos estar próximos ao Senhor nestes breves anos terrenos, é paradoxal desejar estar ao seu lado por toda a eternidade. Assim, é preciso entender a oração como um “teste” que demonstra a intenção de nossos corações para com Deus, e um “exercício espiritual”, que nos mantém preparados para uma maratona eterna de louvor e adoração. Podemos dizer que a prática diária da oração exige abnegação, sacrifícios e renúncias, sendo por vezes uma rotina cansativa e até pesarosa, afinal, como já dizia Martin Lutero, a oração é o “suor da alma”.

Porém, uma vida dedicada a oração se torna prazerosa, pois nada pode trazer mais paz e felicidade ao coração humano do que desfrutar da intimidade com Deus. A rotina da oração pode sim ser pesarosa, pois traz em seu bojo a questão da sobrevivência, afinal, é preciso orar para “não” morrer no sentido espiritual. Porém, o tempo e a persistência vão deixando esta prática cada vez mais agradável, e o homem que faz da sua oração um hino de louvor, passa a orar não por uma necessidade mesquinha, mas sim porque deseja estar perto de seu Deus, conversar com seu melhor amigo, desabafar e ser aconselhado por seu pai. Neste ponto, a oração se torna uma atividade tão prazerosa, que já não é mais possível deixar de praticá-la. Quando o evangelista inglês Smith Wigglesworth, famoso por realizar obras portentosas em nome de Jesus, foi questionado sobre sua vida de oração, prontamente respondeu: - "Eu nunca oro mais do que cinco minutos, e eu nunca fico mais do que dez minutos sem orar".


A oração no século da indiferença

A atualidade é marcada por ser a era da indiferença. Em tempos assim, orar é revolucionário, pois, se a oração revela nossas preocupações com os outros, quando oramos por nossos irmãos, quebramos as garras da indiferença e afirmamos pertencer ao Corpo de Cristo. Existem três qualidades essenciais para a experiência da oração. Primeiro, amor uns pelos outros. A natureza do amor de Cristo é sua segurança de ser amado pelo Pai, que o torna livre para amar os homens sem medo e sem reservas. Segundo, o desprendimento das coisas terrenas. Quando oramos “seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”, desejamos desde já experimentar as realidades eternas aqui. Nossos afetos são transformados. Desejamos mais as coisas que refletem a imagem de Cristo em nós. Terceiro, o exercício da verdadeira humildade. A humildade nasce das duas compreensões básicas. A primeira diz respeito a Deus e a segunda a nós mesmos. É fundamental compreender diante de quem estamos e a quem dirigimos nossas orações, e quem somos nós diante de Deus. A humildade nos faz reconhecer que não temos nada de nós mesmos e que tudo o que temos são dádivas de Deus (Romanos 8:32). Se a indiferença se transforma em regra, o conceito de comunidade agoniza. A oração destrói o edifício da indiferença porque nos coloca no lugar: dependentes de Deus e dos outros. Quando nossos afetos se mostram desordenados, a oração também se nos mostra confusa. A carência nos afetos torna-nos egocêntricos na oração. Não há receitas para a oração. Uma das armas responsáveis pelo declínio da oração nos nossos dias é a tentação da receita. Muitos livros são lançados sobre “como orar”, “sete passos para a oração que Deus responde”, “faça a oração que move a mão de Deus”, e muitos outros nessa infeliz linha. Influenciados pelas lógicas do comércio, esquecemos que orar é conversar com Deus, não comprar um produto qualquer.

O homem pós-moderno julga-se seu próprio deus. Quando tudo é feito para o meu próprio prazer, então sou o deus de minha própria vontade. Contudo, ao orar, estou enfatizando a verdade de que não sou um deus – tenho necessidades, carências. Dirijo-me a um ser maior do que eu. Esse confronto que a oração propõe ao meu ego quebra a arrogância e me torna – ou devolve – a condição original. Como o homem, no século da indiferença, não consegue existir por conta própria, a oração despedaça seu mundo autoconfiante. Esse confronto é um passo para a consciência do quebrantamento. Quando a adoração tem esses elementos: quebrantamento, contrição e carência honesta, transforma-se numa melodia da graça de Deus nesses tempos de distâncias dos corações.

Atualmente, a correria tem afastado muita gente do lugar da oração. Influenciados pela sociedade da pressa, muitos perderam a maravilha de passar tempo em oração. O relógio da pós-modernidade não suporta esperar. As pessoas acham que se perderem algum tempo, diminuirão seus ganho, perderão oportunidades. O sucesso vem antes da espiritualidade. A oração de Moisés precisa ser feita pela massa pós-moderna: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” (Salmo 90:12). Se perdermos essa certeza em relação à vida de oração, estaremos condenados a uma vida insana de correrias e cansaço. Quando aprendermos a dádiva da oração como ingrediente indispensável para a existência feliz e segura, poderemos descansar. Quando oramos, evoluímos da simples expressão de nossa vontade para a abertura mais profunda de nossa dimensão íntima, secreta, discreta e particular. Ser adorador sem oração é como ser pescador e odiar o mar.


Quando Deus diz NÃO
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Somos propensos a buscar o sim para todas as nossas petições. Nossa geração é incentivada a ver o nosso Deus como um mero serviçal que está sempre a postos para atender nossos mimos e nos propiciar o “melhor desta terra”. Não é isto que a Bíblia nos ensina, já que o próprio Cristo nos instruiu a entrar na presença de Deus em oração, convictos que a vontade “DELE” seja feita em nossas vidas, independente daquilo que pedimos ou almejamos. O modelo estrutural de uma oração, nos foi ensinado no contexto do Sermão do Monte, e basicamente é um hino de louvor a soberania de Deus, deixando a necessidade humana em plano secundário. Até porque, uma vez que a vontade de Deus seja soberana em nossa vida, seu Reino virá a nós intensamente (Mateus 6:9-13). Orar não é “pedir”, mas sim, se sujeitar a Deus em humildade e reverência. O teólogo dinamarquês Soren Kierkegaard, definiu muito bem o propósito da oração na seguinte frase: - A função da oração não é influenciar Deus, mas especialmente mudar a natureza daquele que ora. A partir deste entendimento, podemos até apresentar a Deus nossas petições, mas saberemos lidar com sua resposta, principalmente quando a mesma é “NÃO”. Para o aclamado escritor francês Antoine de Saint-Exupéry, "a grandeza da oração reside principalmente no fato de não ter resposta, do que resulta que essa troca não inclui qualquer espécie de comércio".

Deus se nega a atender alguns de nossos pedidos não por ser mau ou imprevisível, mas sim por nos amar e desejar o melhor para cada um de nós. Se um filho pequeno pedir ao seu pai um jogo de facas, certamente não terá seu pedido atendido, exatamente porque seu progenitor deseja protege-lo de cortes e ferimentos. Como uma criança incapaz de lidar com objetos cortantes, somos cada um de nós, com nossos desejos e ambições, que num futuro muito próximo, pode sim se transformar numa arma com a qual nos auto-mutilaremos. Deus já sabe disso. Nós, ainda não. Assim, como um pai zeloso e protetor, o Senhor veda nossa vida com seu manto de amor e nos presenteia com um glorioso NÃO. E pode acreditar, o NÃO de Deus é sua resposta mais significativa. O problema, é que não sabemos lidar com esta realidade, e em decorrência deste condicionamento moderno que coloca o homem no centro do universo, muitos se frustram com Deus, sem compreender a grandeza de seu amor. Deus não fique alegre quando ficamos tristes com sua negativa, mas certamente se alegrará ao encontrar seus filhos no céu e não no inferno, lugar para o qual o seu “SIM” poderia nos enviar.

Quando lemos o texto de Mateus 7:7, ficamos obcecados com a ideia de que nossa insistência nos levar a ter em mãos o fruto de nossos planos, projetos e sonhos. Então, ao nos depararmos com uma porta fechada, a esmurramos insistentemente para que Deus a abra. Mas a grande questão é: - O que tem do outro lado desta porta? Pois é. Deus sabe. É por isso que muitas vezes, Ele mantém a porta fechada, para nos proteger do mal que ainda não conseguimos enxergar, afinal, a benção que queremos hoje, pode se tornar na maldição de amanhã. E Deus deseja que nosso futuro seja de glória e não de ruina, por isso, muitas vezes nosso presente é mantido na escassez para que o futuro seja de grande abastança. Em resumo: Deus sabe o que faz. Quando batemos é a porta continua fechada, a melhor opção que temos é mudar de porta, confiando que aquele que tem nas mãos a Chave de Davi, abrirá apenas aquelas que nos levarão a caminhos de paz. Portanto, quando orarmos, que sejamos prudentes no bater, no pedir e no buscar, para que por mera teimosia, não encontremos o caos e a tragédia que se esconde em muitos “SIMS”.


Desfrutando da intimidade 
com Deus

Intimidade é privilégio de poucos. Uma das grandes tragédias da atualidade é a distância entre nós e Deus. Falta-nos a dimensão do quarto fechado (Mateus 6:6). Se perdermos a intimidade com Deus, também perderemos o senso daquilo que O machuca. Resgatar a maravilha de estar em Sua Presença é resgatar a alegria de adorá-Lo pelo que Ele é. Intimidade é produto do tempo. Não pode ser produzida por arranjos técnicos. É uma santa amizade com Deus. Numa época onde a carência de verdadeiros amigos corrói relacionamentos, a oração nos auxilia na construção de uma relação honesta e segura com o Senhor. Ficamos inquietos quando o dia se arrasta em afazeres (Marta) e o tempo vai dizendo que não conseguiremos desfrutar da presença de Deus (Maria). A oração que adora é a oração que ora! A oração que adora é a oração que ora! É quando sei que posso perder tudo, mas jamais perderei a graça de desfrutar do Amigo por excelência.

A oração nos propicia uma adoração liberta. Chegamos a Deus em absoluta leveza, com coração puro (Hebreus 10:22). Desfrutar da intimidade com Deus é ter a garantia da verdadeira liberdade. Podemos orar honestamente, permitindo que a alma fale com seu Criador. Não há carrascos da culpa, nem carcereiros da religiosidade. Quando a alma ora e adora, é livre para encontrar-se com seu Senhor em absoluto enlace de amor – em êxtase. É importante destacar que os efeitos da ausência de intimidade com Deus são muitos: ver adoração como um negócio; transformar a pregação em uma performance; desenvolver uma espiritualidade positiva barata; entre outros.

Uma das grandes verdades fundamentais da teologia é que Deus é uma pessoa! A oração que adora é aquela que compreende e ama essa verdade. Quando isso acontece, oramos não buscando as dádivas de Deus, mas o Deus acima de qualquer provável benefício. Amamos a pessoa. Não ficamos confundindo Deus com um mágico celestial, mas O respeitamos como ser de relação, ser que abraça e ama. Deus chora por relacionamentos legítimos. Chega de orações interesseiras, pretensiosas e ofensivas ao coração do Pai. O Eterno Senhor Deus escolheu se revelar ao homem utilizando uma imagem de relação: Pai. Infelizmente, muitos enxergam o Pai apenas como provedor, mantenedor de vontades infantis. Essa não deve ser a tônica no nosso relacionamento com Deus. A oração que adora é aquela que desembaça a visão das coisas e fixa nosso olhar no Pai. A passagem bíblica de Mateus 7:7-8 nos aconselha para pedir, buscar e bater. O mesmo texto garante que a porta se abre, o adjetivo da busca é alcançado e o da petição também, mas não diz quando! Muitos, tentando encurtar o tempo da espera, investem na quantidade da reza desvirtuando a oração. Deus não presta atenção à pompa das palavras ou à variedade de expressões, mas à sinceridade e a devoção do coração. É importante lembrar que a chave abre a porta não porque se encaixa na fechadura.



De volta ao Cenáculo
Comentário Adicional
Pb. Bene Wandereley

Quero começar minha linha de pensamento utilizando uma das frases escrita pelo ilustre comentarista desta maravilhosa lição: - A oração preenche de conteúdo nosso louvor. É de conhecimento geral a crise do louvor na atualidade no meio cristão. É totalmente desajustada a forma de se expressar o louvor que engrandece ao Deus Eterno. E como bem colocou o nosso amado Pr. José Elias Croce, a cura para essa doença da falta da qualidade no louvor que agrada a Deus é a oração. Sem oração genuína, nossa vida será vazia, sem cor, sem sentido; assim como nossas atitudes diante de Deus, sem oração não terão valor.  Tenho me dedicado a rever meus conceitos e valores principalmente no que diz respeito ao louvor e a adoração que tenho prestado ao Senhor no meu dia a dia; pois muitas vezes, sou levado a pensar ser alguma coisa à mais daquilo que realmente sou. Então, pra fugir do engano do meu enganoso coração, busco resolutamente o descer nas escadarias da humilhação que é a oração. O problema hodierno é a falta de oração.

Estamos vivendo numa geração que despreza totalmente a oração. Temos muitos bons pregadores, mas, temos poucos pregadores que oram. Temos uma boa teologia da oração, mas temos poucos teólogos que oram. Temos excelentes, cantores, mas, poucos são os cantores que oram. Temos muitos doutores da lei mas, mas poucos doutores que oram. Temos bons pastores, mas, poucos pastores que oram. E a prova viva dessas verdades são os resultados que temos vivido e visto no nosso meio. É catastrófico a situação da igreja, se preocupando em existir apenas no mundo material, se esquecendo que é um organismo vivo Igreja Santa, redimida e lavada no sangue do Cordeiro, o que excede as organizações templarias, as megas catedrais e os mausoléus religiosos espalhados por toda parte. É sufocante a falta de comunicação com os céus em nossos dias, e chega a ser desesperador a falta de oração em nosso meio, causa de verdadeiro caos. Eu particularmente descrevo essa situação como uma "pré tribulação."

Estamos ansiosos pela situação global, a crise financeira, a guerra no oriente médio, as intrigantes palavras e postura do novo presidente dos EUA, a política maltrapilha do nosso país é etc... Mas, me permitam dizer a vocês o que realmente me causa pavor, tremor, horror e desespero: -  A falta da oração em nossas vidas. Estamos à beira de um colapso sem precedentes. Precisamos voltar para o cenáculo. No cenáculo é onde teremos de volta o poder que fora prometido aos discípulos do mestre Jesus. No cenáculo voltaremos a ter poder do alto para manifestar as maravilhas do Reino. No cenáculo, voltaremos a simplicidade do verdadeiro Evangelho de Cristo Jesus. No cenáculo voltaremos a ser os “grandes pequenos” embaixadores do maior governo que existe. No cenáculo veremos as multidões se renderem ao Senhorio de Jesus. No cenáculo voltaremos a adoração que move o coração de Deus. No cenáculo voltaremos a orar segundo a vontade do Pai. Queridos irmãos não teremos um avivamento puro e santo enquanto não voltarmos urgentemente para a oração. Só orando e tendo uma vida de oração é que conseguiremos ter, é viver, uma vida de adoração.


A oração que louva

Muitos dos Salmos são orações cantadas. Alguns dos belos hinos de nossa Harpa Cristã são orações cantadas. Essa atitude de cantar orações cantadas. Essa atitude de cantar orações é uma das práticas mais antigas da espiritualidade cristã. Ela evoca dimensões profundas do envolvimento entre o ser que ora e o ser que ora e o ser que adora – sem distinções – pois orar, cantar e adorar podem ser três acordes de uma mesma sinfonia da alma. Um fato interessante no livro de Salmos é a forte presença da salvação como elemento da oração. Os salmistas apresentam uma situação de crise e a oração; dentro desse contexto aparecem a graça e a salvação. Alguns Salmos chegam a trabalhar, na mesma frase, a dor e o louvor: “Salva-nos, Senhor, porque faltam homens benignos; porque são poucos os fiéis entre os filhos dos homens.” (Salmo 12:1). Orações como essas cantam uma certeza inabalável: há um Deus que caminha conosco na fúria da história. Esse é um dos grandes motivos que temos para orar e louvar: não andamos sozinhos. É importante lembrar que não somos condenados à solidão. Precisamos redescobrir a oração que louva ao Deus companheiro de caminhada. É a oração que se alimenta de um coração que arde pelo caminho (Lucas 24:32). O Eterno Deus não reconhece fórmulas. É perniciosa a ideia de que Deus só responde orações que tenham determinadas marcas, fórmulas. Deus não leva em consideração a reza de um robô treinado para elaborar orações trezentas vezes mais bonitas que a sua. A oração genuína é uma conversa entre Pai e filho. Deus responde a toda e qualquer oração que venha honesta, da alma. O problema é que não entendemos (ou não queremos entender) Suas formas de responder. Muitas são as orações que Deus responde em silêncio, apenas com Seu olhar. Conseguimos realmente discernir o silêncio de Deus? O problema ainda maior é que, imersos num tempo de velocidade, achamos que Deus é obrigado a nos responder objetivamente o mais rápido possível. Assim, distorcemos versículos para a nossa própria tragédia hermenêutica. 

Todos temos motivos para a oração e para o louvor. Motivos para essas práticas nunca vão faltar. Tanto os bons motivos quanto aqueles que trazem dor são todos elementos de uma mesma fé. Oramos e louvamos pelas bênçãos e pelas crises. Oramos e louvamos na festa e no luto. Por quê? Porque nossa composição espiritual é assim. Essa é a nossa natureza. Encontramos forças para orar e certezas para louvar. Encontramos o alívio na oração e a gratidão no louvor. Essas dimensões vão se encontrando em nossa vida cristã todos os dias. Assim, em qualquer circunstância, devemos orar, e, quando a oração for se tornando nossa respiração (I Tessalonicenses 5:17), então o louvor fluirá livre, leve, pleno e cheio da alegria de nos tornarmos motivos de louvor. Não deve haver contradição entre o ser que ora e o que vive. Algumas pessoas, no momento da oração, parecem completamente outra. Mudam de voz, de personalidade. A oração genuína é aquela que parte de quem sou. Deus não ama as palavras que sei dizer – Ele ama a mim! Não é a beleza ou a correção teológica que legitimam a oração e adoração, mas sim, a integridade da alma. Orações são falas da alma. Enquanto essa verdade não for amada por mim, não orarei de verdade. É contradição mortal orar aquilo que não sou. É amordaçar a alma para que a verdade de quem sou não me machuque. Quando destruímos a contradição entre o ser que ora e o ser que vive, a adoração pode fluir. Deus é Deus de honestos.

A crise do louvor na atualidade é basicamente uma crise de conteúdo. A cura para a doença da falta de qualidade está na oração. Ao invés de fazermos uma reunião para avaliar de forma fria e marqueteira onde estamos errando, voltemos à oração. O cenáculo ainda é o ponto de partida para o poder (Atos 1:12-13). Quando oro, minha alma se deleita em Deus – e isso produz o estado de espírito ideal para o louvor. Não é legítimo o “louvor” que obriga a Deus a fazer uma série de coisas para mim, mas sim, aquele destrona meu ego: “Seja feita a sua vontade”. O caminho de Cristo – esvaziar-se – precisa ser nosso caminho. Quando chegamos à presença de Deus esvaziados do ego e da arrogância, através da oração honesta, ganhamos o conteúdo para louvar, e aí sim temos um novo cântico e uma nova vida. Quando temos a oração como desejo sincero da alma, temos o conteúdo ideal da adoração e podemos viver com a segurança de um filho que pode conversar com seu Pai a qualquer momento.

Conclusão

A oração genuína é uma das mais incríveis formas de adoração. Ela nos ajuda na tarefa bela de chegar a Deus em certeza de fé. Abençoados pelo privilégio de chegar à presença de Deus, temos a alegria de abrir nossas almas e com isso redescobrirmos motivos para louvar.





Vivemos para adorar. Deus criou o homem para que este O adorasse. O combustível da adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão verdadeira e despretensiosa começa em um lugar secreto. Adoração é decidir investir a vida no Eterno. É quando nos redescobrimos em Deus e todas as demais coisas são periféricas diante de tão grande descoberta. Deus não procura adoração, mas adoradores. Para compreender ainda mais os princípios da verdadeira adoração, participe deste domingo, 27 de novembro de 2016, da Escola Bíblica Dominical.

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