quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

EBD - Quando a adoração perde o significado


Material Didático
Revista Jovens e Adultos nº 101 - Editora Betel
Louvor e Adoração - Lição 12
Comentarista: Pr. José Elias Croce












Comentários Adicionais
Pr. Wilson Gomes
Pb. Miquéias Daniel Gomes
Pb. Bene Wanderley



Confira nossa biblioteca de estudos na página especial da EBD

Texto Áureo
João 15:4
Estai em mim, e eu, em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.

Verdade Aplicada
Quando a adoração perde o significado, tornamo-nos reféns das lógicas do resultado.

Textos de Referência
João 15:1-3; 5-6; 8
Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
Toda vara em mim que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto.
Vós já estais limpos pela palavra que vos tenho falado.
Eu sou a videira, vós, as varas; quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto, porque sem mim nada podereis fazer.
Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.
Nisto é glorificado meu Pai: que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.

Introdução
Na imensa crise do esvaziamento, coreografias pouco interessantes roubam a beleza e a arte. Vivemos na era da técnica em detrimento a graça. Há muitos que vivem em “adoração”, mas que não geram frutos de arrependimento.


A simplicidade do Evangelho
Comentário Adicional
Pb. Miquéias Daniel Gomes

Um “texto-áureo” pode ser entendido como uma frase única e compacta, que resume em si, toda a essência de um contexto muito maior. Um bom exemplo pode ser encontrado neste estudo, onde no cabeçalho da lição, o comentarista escolhe um versículo bíblico que embasa o tema a ser estudado e resume todo o conteúdo dos tópicos em uma única frase chamada de “verdade aplicada”. Neste caso, ao lermos a sentença “quando a adoração perde o significado, tornamo-nos reféns das lógicas do resultado”, já é possível uma clara compreensão de todo conteúdo a ser esmiuçado. Ou seja, os detalhes precisam ser estudos em miuças, porém a essência já foi revelada. A Bíblia não é de fato, um livro de fácil compreensão. Suas inúmeras formas de linguagem decorrente da grande variedade de autores oriundos de culturas e épocas distintas, pode dar um nó na cabeça de leitores inexperientes. Registros históricos, relatos biográficos, genealogias, parábolas, poemas e profecias, se mesclam de forma aparentemente aleatória e constatadamente não cronológica. Teólogos se debruçam por anos sobre páginas amareladas de suas versões prediletas, e mesmo assim, não passam da superfície de um oceano de profundezas incalculáveis. A grande revelação de Deus ao homem é também uma jornada diária de novos mistérios a serem desvendados, e uma única vida é pouco para tanta assimilação. Na prática, a Bíblia é uma biblioteca temática, onde o tema é Deus, e podemos enxergá-lo pelos olhos de centenas de personagens e na narrativa de pelo menos 40 autores diferentes. Dominar a Bíblia requer muito estudo e devoção sacrificial.

Se a Bíblia como literatura é uma leitura complexa, sua mensagem é bem simples. Na verdade, ao longo da história, milhares de pessoas iletradas e sem nenhum conhecimento acadêmico, compreenderam perfeitamente toda a sua essência, já que este compendio de livros sagrados, é sim divinamente inspirado, sendo revelado aos verdadeiros adoradores por intermédio da atuação do Espírito Santo. Não lemos a Bíblia para entender sua mensagem, mas sim, por que já a entendemos. E para a grande maioria dos teólogos, os mais de 31.100 versos das Escrituras, podem ser resumidos naquele que é o "texto áureo" da Bíblia, a "verdade aplicada" da Palavra de Deus, registrado em João 3:16. Aqui, está revelado o caráter de Deus, a vontade de Deus e o amor de Deus revelado em Cristo. Esta é toda a mensagem grandiosa que precisamos compreender: - Porque Deus amou ao mundo (maior alvo de Deus) de tal maneira (intensidade), que deu o seu filho unigênito (Jesus), para que todo (abrangência universal) o que Nele crê (condição para ser salvo) não pereça (condenação pelo pecado) mas tenha a vida eterna (salvação).

Neste verso temos a razão para toda e qualquer adoração em Espírito e Verdade, ou seja, a essência do próprio Deus. Nós adoramos ao Senhor por quem Ele é desde as eternidades passadas. Qualquer movimento que se faça em outra direção, pode até ser rotulado de louvor e adoração, mas não o é. O método empregado na adoração é incondicional, passando pelo silêncio absoluto e chegando a um coro de trovões e relâmpagos. Porém sua motivação é imutável. Deus irá aceitar a adoração de seu povo, seja oriunda de uma choupana de pau-a-pique através de vozes dissonantes e semitonadas, ou de um mega-evento pirotécnico com corais e orquestras, desde que a essência seja verdadeira e a motivação esteja correta. Caso contrário, tudo não passará de um imenso vazio eternal. Esta é a simplicidade do evangelho e a singeleza da adoração. Que oremos com sinceridade a mesma oração realizada a mais de 1200 anos por uma jovem muçulmana chamada Rabia al Adawiya al Qadsiyya: - Se eu te adorar por medo do inferno, queima-me no inferno; se eu te adorar pelo paraíso, exclua-me do paraíso. Mas se eu te adorar pelo que Tu és, não escondas de mim a Tua face.


A crise do vazio

A esmagadora maioria dos que vivem nos chamados “movimentos da adoração” da atualidade vive num atordoado esforço para destruir a monstruosidade do vazio. A falta de sentido é percebida na forma como se pretende orar; do exagero ao sufocamento, os extremos vão fazendo a rotina da adoração do vazio (João 4:23-24). O vazio alimenta-se de um sofrimento secreto, que por sua vez, apela à máscara. O teatro comportamental rouba a cena alargando ainda mais a distância entre o adorar e o povo, e, também entre o adorador e Deus. O erro fundamental está no vazio existencial. Gente que “adora” sem vida. Morte no altar. Isso gera um profundo choque entre ética e estética: é o parecer superando o ser. Por essa razão, as características de shows são mais viáveis do que o culto. No show, tudo é produto de uma mistura entre o frenesi da massa e o desempenho dos astros, mas o culto só acontece quando os astros são destronados e o Soberano Deus é adorado como Santo.

Vivemos num tempo marcado pelo esvaziamento dos conteúdos, do significado. Excesso de informação atordoando e confundindo. A constante troca de mitos numa sociedade que não consegue abraçar o contentamento. A variedade de solicitações e de modelos generalizantes cansa, abate. Nesse contexto de busca alucinada, a adoração é direta e essencialmente atingida. Na correria tresloucada é criado um “fenômeno”; igrejas cheias de gente vazia! Esse duelo entre significado e dor produz uma busca frenética por novidades que tragam autenticidade e autoridade. Quando isso acontece, o buraco negro da alma se aprofunda ainda mais.

Para encobrir a vergonha do vazio, muitos se aventuram na perigosa via dos extremos: de um lado, uma melosidade sentimentalista que escraviza emoções. Gente produzindo uma espécie de estelionato emocional, onde as lágrimas são forçadas, sequestradas de sua inocência. Do outro lado, uma carnavalização folclórica que, em nome da liberdade cristã, “santifica” o ridículo (gente rolando no chão, imitando bichos, cabelos esvoaçantes, etc.). Essas taras sentimentalistas nada mais são do que fugas da normalidade. Gente que não suporta o silêncio. Gente que odeia a cadência normal dos dias. Gente viciada numa espécie de adrenalina espiritual. Gente que, se parar, percebe o vazio, e sofre. Gente que destrói o significado da adoração, porque disfarça seu vazio ao invés de preenchê-lo na presença do Altíssimo.

Quando nossa vida é um altar, nossas palavras são hinos. Somos chamados a encarnar a graça. Nossas palavras só terão sentido quando corresponderem à realidade de nossa vida com Deus. Quando cultivarmos a presença de Deus, passarmos tempo nos deleitando nos braços do Pai, é que teremos poder nas palavras e na adoração. Deus procura adoradores que saibam que o Agricultor celeste não negocia com o engano. “Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem.” (João 15:6). Não há significado na adoração se Deus não for a realidade maior de nossa vida.

Essa geração do vazio é rápida em inverter os valores. Humildade vira defeito, orgulho vira virtude. O vazio engole os valores. Grande parte das pessoas hoje luta por causas sem sentido. Uma das formas mais eficazes de desligar-nos de Deus é invertendo os valores. É gritando a graça com a fúria da lei. É caindo na tentação de ser o dono do nosso próprio culto. Se a adoração for invertida, Deus saíra de cena. Igreja sem Deus é apenas acúmulo de vazio (João 15:6). Em Lucas 1.38, Maria afirma: “Cumpra-se em mim segundo a tua palavra”. Adoração começa quando Deus visita nossa intimidade. É a presença que propõe mudanças. Na sequência do texto (Lucas 1:46), Maria canta: “Minha alma engrandece ao Senhor”. Ela repete as palavras de Ana (I Samuel 2:1-10). A adoração tem o componente da gratidão. Gratidão pelo que está por vir (o Messias). Quando chegamos ao capítulo 2:14, os anjos cantam: “Glória a Deus nas alturas, paz na terra”. A adoração dos anjos une o que tem origem no céu com o que acontece na terra. É a primeira indicação da oração de Jesus: “Assim na terra como no céu.” (Mateus 6:10). A adoração com significado nos coloca juntos não apenas da comunidade dos santos, mas de toda a congregação do céu.


O Perfume de Cristo
Comentário Adicional
Pr. Wilson Gomes

Biblicamente falando, somos os co-herdeiros de Cristo caminhando sobre Terra, legítimos representantes de seu Reino entre os homens. Nossa responsabilidade é grandiosa, pois somos a “tela” por onde o mundo enxerga Jesus. Com isso, pensamos na condição que nós, cristãos, temos tido com relação a Cristo, a Videira Verdadeira, longe da qual, toda a nossa existência perde o sentido. Em II Coríntios 2:14-16, Paulo testifica:  - E graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo, e por meio de nós manifesta em todo o lugar a fragrância do seu conhecimento. Porque para Deus somos o bom perfume de Cristo, nos que se salvam e nos que se perdem. Para estes certamente cheiro de morte para morte; mas para aqueles, cheiro de vida para vida. Estas são palavras que nos enchem de esperança, pois nos leva a consciência que se achegando cada vez mais perto do Senhor Jesus, vamos nos tornando iguais a Ele. Mas qual é o espelho aonde nós devemos refletir a Glória do Senhor nosso Deus?  Paulo nos ensina que quando estamos em Cristo, aonde formos, levamos o seu bom cheiro, a sua fragrância celestial, o seu bom perfume. Isso quer dizer que somos representantes, somos embaixadores, somos aquele que representam Deus aqui na Terra, e isto é um privilégio dado a poucos, somente aqueles que são chamados a Graça. 

Portanto nós, como igreja de Deus, temos que ter consciência que nossa vida é um testemunho vivo, e nossas palavras precisam impactar as pessoas de nossa rua, cidade, estado, país, até finalmente, impactar o mundo com a nossa simples presença, porque Cristo através de nós, brilha sobre aqueles que não conhecem a pessoa do nosso Deus. O próprio Cristo disse que nós seríamos luz do mundo e sal da terra.  Então, veja a diferença que nós podemos fazer sobre toda essa gigantesca nação brasileira!  É preciso estar integralmente na Videira, firmados na Rocha e alicerçados na Verdade, para que cada passo, cada movimento que fizermos, seja em direção a glorificar o nome do Senhor Jesus. É por nossas ações que Cristo é aceito nos lares, nas ruas, nas fábricas e nas escolas. Pessoas são atraídas a Cristo através de nosso testemunho, de nossa fala temperada com sal na dose exata, com o equilíbrio emocional gerado pela presença do Espírito Santo em nossas vidas. É preciso voltar a essência, adorar com integridade de corpo, alma e espírito, para que assim, onde quer que passemos, a presença de Cristo seja visível, e o seu bom cheiro seja sentido a distância, com epicentro em nosso coração.  E desta forma, todos unidos no mesmo propósito, de sermos crentes cheio da Glória, íntimos com o Senhor e adoradores por excelência, que veremos as almas sendo salvas, e o nome de Jesus, glorificado cada vez mais! 

Quando o Pedro chegou até a Porta Formosa, e aquele paralítico lhe pediu uma esmola, qual foi a resposta que ele deu?  - Olha para Nós.... Não tenho ouro nem prata, mas o que tenho, isso te dou. Em nome de Jesus, levanta e anda! (Atos 3:4-6). Percebeu que antes do milagre, o apóstolo usou sua vida como testemunho?  Antes de você abrir a boca para falar do amor do Senhor, é preciso vivencia-lo em seu coração. Antes de cantar é preciso louvar. Antes de pregar é preciso viver. Deixe que o seu testemunho, a tua postura, a tua simpatia, o teu amor e a tua bondade, fale muito mais alto que suas próprias palavras.  Que todo o teu ser venha transpirar o bom perfume de Cristo, e que toda a tua vida grite:  -  Eu sou Jesus eu estou aqui!


A fixação dos resultados exteriores

A adoração da atualidade corre atrás de resultados. Isso é tão notório que o linguajar do marketing virou rotina: publico alvo, estratégias de alcance, pesquisas de gêneros musicais, mídia. Essa tentação do retorno é fruto dos olhos seduzidos pelos “reinos do mundo e seu esplendor” oferecidos a Jesus pelo diabo no deserto (Mateus 4:8). Esse é um grande motivo para mantermos nossos olhos constantemente lubrificados pela graça de Deus. Vivemos a era da desvalorização das essências. O que vale é o espelho, não o rosto. Na tentação dos resultados exteriores, ignora-se a alma amordaçada. Ignora-se a tortura que ocorre no íntimo. Por isso, muitos dos “artistas” acabam nos consultórios psiquiátricos, em abismais depressões. Alimentam a mentalidade mitológica e sofrem por medo do esquecimento. Esse comportamento gera um fenômeno conhecido como “celebridade instantânea”, gente descartável. Enquanto dão algum prazer à massa, são amados e idolatrados, mas quando o encantamento se esvai, entram nos domínios de sua interioridade negligenciada e ferida para recolherem os estilhaços de sua vitrine sentimental.

A linguagem de Jesus Cristo nos evangelhos é cheia de metáforas e imagens. Suas parábolas são um convite á imaginação. Uma das metáforas que Jesus usa é a videira. Ele mesmo é a videira, nós, as varas. Mas, para que cresçamos e venhamos a dar frutos, carecemos do trabalho do agricultor experiente. Isso deixa-nos uma valiosa lição para a adoração: adoração não é o resultado de uma série de experiências ou de uma dose de criatividade, mas de um processo divino de jardinagem – a poda! (João 15:2). Nossa tendência é acreditar que o crescimento espiritual é determinado por aquilo que fazemos para Deus, contudo, essa metáfora mostra-nos que antes de fazermos qualquer coisa vem a poda! O que o Eterno Deus faz em nós vem antes do que aquilo que fazemos por Ele, Só adoramos porque somos libertos para adorar.

Elevados a categoria de celebridades, muitos vivem escravizados pelas agendas. Perdem o contato com a família, com a Igreja local. Perdem o chão. Como dizia o poeta: “os mais belos hinos e poesia foram escritos em tribulação”. Os hinos e poesias de hoje são escritos em “tripulação” – no avião, na correria entre uma agenda e outra, na escada entre um palco e outro. É doloroso observar o esforço desumano que fazem para manter a imagem de santos, quando já perderam o caminho da santidade. Nenhum santo é feito no palco, mas na sarça, na fornalha, no deserto, no vale (Gêneses 32:22-32; Êxodo 3:2; Daniel 3:1-30; I Reis 19:1-21). Deus procura servos que saibam que não há agenda mais importante do que alimentar-se diariamente na presença do Santo. Antes de qualquer coisa, precisamos resgatar a verdade de que o Eterno Deus valoriza a adoração. No chamado de Isaías, o ato de adoração dos serafins retrata muito bem a dinâmica do céu: adoração e santidade. Quando a presença de Deus é real em nossa adoração, preenchemos o vazio e destruímos o verbalismo.

A grande tragédia dessa geração do vazio é mirar no horizonte dos resultados e não vislumbrar esperança. Se o resultado não acontece, a inquietação rouba o sono. Como o mundo de hoje fabrica deuses com extrema velocidade, o medo do esquecimento leva a tentação de manipular falsos resultados. A mentira começa a governar a vida. Uma verdade precisa ser resgatada com urgência: aquilo que o Espírito Santo não quer fazer, marqueteiro nenhum pode produzir! (Gálatas 6:7). Se julgarmos nossa adoração pelos resultados exteriores, estaremos condicionados à multidão e ela sempre é perigosa. Não é o que os outros sentem quando eu adoro que me legitima como adorador, mas sim, o que eu sei que Deus operou em mim quando abracei o privilégio de estar em Sua Presença Santa.


Igrejas cheias. Pessoas vazias.
Comentário Adicional
Pb. Bene Wanderley

Creio que todo o conteúdo deste estudo, bem como o contexto da cristandade atual, pode ser resumido em uma frase da própria lição estudada:  “igrejas cheias de pessoas vazias!” Esta é a sintaxe perfeita da crise que estamos vivendo na atualidade no meio cristão. Jesus deixou claro para todos nós, no texto de João 15:5 que "sem Ele nada poderíamos fazer"... Infelizmente, estamos excluindo Jesus de nossas liturgias.  A crise não é só na adoração, mas, em todos os segmentos doutrinários básicos que regem nossos cultos e a nossa postura cristã. Como já ressaltado pelo Pr. Elias Croce, estamos sendo engolidos por um buraco negro chamado de Crise do Vazio. E esta é uma verdade tão cristalinamente pura quanto inegável. A geração mais abastecida de conteúdo é também a mais vazia de essência. Esse vazio resulta no cenário tenebroso que se alastra no meio da igreja, numa onde avassaladora de pecados levianos, responsável por desmoronar nossas estruturas cristãs.

Princípios bíblicos são quebrados sem nenhum arrependimento, movimentos mundanos invadem as igrejas, levando nossos jovens (e até mesmo nossos obreiros) para um limbo espiritual. Isso é tão grave e a situação fica cada vez mais irreversível, pois a cada dia, assistimos impassíveis o avançar ardiloso das trevas. A terrível inversão dos valores vem roubando a simplicidade do evangelho de Jesus Cristo. Ser humilde se tornou vergonhoso e ser cheio de orgulho é se vestir de virtude. Onde está Jesus em tudo isso? Somos varas morrendo imperceptivelmente fora da videira.  Com isso a essência da verdadeira adoração se perde, e o que nos sobra, são os fragmentos da corrupção moral e espiritual de nossos dias, formando uma totalidade de apostasia e negligencia com o sagrado.


A escravização do verbalismo

Muitos são os que ainda carregam a síndrome da mulher samaritana: “Jerusalém ou Gerizim?” (João 4:20) Mais do que lugares, geografias demarcadas, era um jeito estabelecido de adorar – o império do tecnicismo. Existe hoje uma “cultura gospel”. Um movimento musical, o gospel, explodiu na última década do século XX entre os evangélicos e deu forma a um modo de vida configurado pela tríade: música, consumo e entretenimento. O problema dessa “cultura gospel” é que seu discurso é profundamente distante de sua prática. O verbalismo afirma Deus como Senhor, mas a prática cultua deuses descartáveis do orgulho e da fama. A partir da segunda metade da década de 80, uma influência vinda do Atlântico Norte chegou com tanta força e fúria que, em vez de enriquecer e ampliar horizontes musicais brasileiros, ditou formas e tons para os artistas da terra. Era o movimento gospel. Desde então, tudo se tornou gospel. A maioria dos músicos mudou de som e de proposta. Os poucos que resistiram bravios perderam seu espaço. Outros foram cantar noutros quintais.

O conceito de profecia foi banalizado. Tudo hoje virou “profético”. Não contente com o vocábulo “profético” criam-se objetos proféticos, numa espécie de animismo eclesiástico: é óleo ungido, vara do poder, corredor do fogo, mãos ungidas, etc. A lista é longa, curiosa e desesperadamente “profética”. São nossas “Jerusalém e Gerizim”. Geografias ocultando corações. Criatividade duvidosa suprimindo o bom senso. Não basta termos um elaborado jargão profético, uma gramática ungida ou um dicionário de poder, mas sim, uma vida íntegra, humilde e digna diante do Senhor. Deus procura homens e mulheres de coração aberto (João 15:5). Na passagem bíblica de Mateus 7.21, Jesus afirma: “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus”. Jesus não se deixa impressionar pela articulação teológica da nossa fala, mas pela submissão de nosso ego à Sua vontade. Verbalismos como “Senhor, Senhor!” podem ser apenas fugas semânticas de uma realidade interior destruída.

A preocupação com o sofisticado leva essa geração à fuga da simplicidade. Cantar que Jesus é bom e salva o pecador é considerado retrógrado, passado, sem impacto. É preciso florear, carregar no apelo do marketing. É preciso “dar um trato” em Jesus. Essa crise é tão forte que tem aprisionado muitas almas. Muitos, em nome dessa sofisticação, alimentam a teatralização da própria existência. É gente que não suporta quando o culto termina no domingo à noite, pois sabe que o monstro da segunda-feira virá. Esse vazio machuca muitos “adoradores”. Infelizmente, muitos acordam com gosto de cinzas nas segundas-feiras da vida. Aprendamos com o exemplo do nosso Senhor Jesus Cristo, que não se deixou seduzir pela sofisticação do Império Romano, nem pelo verbalismo da filosofia grega, muito menos pela imponência egípcia. Seu coração estava na companhia de doze homens extraordinariamente simples, mas livres para viver ao Seu lado.


Conclusão


Estamos na era das ilusões. Para que não sejamos levados por essa forte correnteza, carecemos de bases sólidas, firmes na rocha, um trabalho de estruturação genuíno e fiel. Que o Agricultor por excelência tenha liberdade para nos podar, para que nossa adoração gere frutos de eternidade.



Vivemos para adorar. Deus criou o homem para que este O adorasse. O combustível da adoração é a comunhão com Deus. Uma comunhão verdadeira e despretensiosa começa em um lugar secreto. Adoração é decidir investir a vida no Eterno. É quando nos redescobrimos em Deus e todas as demais coisas são periféricas diante de tão grande descoberta. Deus não procura adoração, mas adoradores. Para compreender ainda mais os princípios da verdadeira adoração, participe deste domingo, 18 de dezembro de 2016, da Escola Bíblica Dominical.



Um comentário:

  1. A adoração perde o sentido quando não há edificação 1co 14.26
    Gratidão cl3.16 sujeição ef5.19a21 reverência ec5.1 alegria sl122.1 temor gn28.16e17 espírito de oração e súplica 1sm 1e10 espírito de louvor sl100.4

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